Médicos e terapeutas garantem
que a alegria e uma boa gargalhada ajudam a curar doenças e a
levar melhor a vida
Os Doutores da Alegria ajudam no tratamento de crianças
Você já deu uma boa gargalhada
hoje? Se a resposta for negativa, é hora de rever a forma como
está encarando a vida. Afinal, o homem é o único
animal que ri e a medicina considera que o humor e o riso, em particular,
são elementos capazes de promover o bem-estar e a saúde,
além de ajudar no tratamento de doenças. Com base em estudos
científicos que determinam a relação entre o humor
e a saúde, em diversas partes do mundo se realiza a chamada terapia
do riso. Sem a ajuda de medicamentos ou fatores externos, ensina-se
o indivíduo a rir. Rir de tudo, de si mesmo e de situações
engraçadas. Mas o que se pretende com a terapia é estimular
risadas verdadeiras, daquelas que movem 400 músculos em todo
o corpo e confirmam o provérbio que diz que "rir é
o melhor remédio".
Outro ditado chinês ensina que, para ser saudável, deve-se
rir pelo menos 30 vezes por dia. Do momento em que nasce até
os seis anos de idade, uma pessoa ri, diariamente, cerca de 300 vezes.
Entretanto, na medida em que cresce, essa capacidade de achar graça
diminui consideravelmente. Tanto que, quando chega à fase adulta,
mesmo que seja muito risonha, a pessoa tem dificuldade de atingir 100
risadas ao longo do dia. Os menos alegres riem apenas 15 vezes.
O riso como expressão de alegria melhora os sistemas cardiovascular,
respiratório, imunológico, muscular, nervoso central e
endócrino, entre outros. Ele é utilizado para combater
sérias doenças que ocasionam dores crônicas e somatizações
e no tratamento de pacientes de todos os tipos em hospitais. Pessoas
que sabem desfrutar a vida trocam o choro pelo riso e reconhecem que,
nos momentos de frustração, raiva ou tristeza, uma boa
gargalhada pode fazer esquecer todos os problemas. Quando rimos, ativamos
a circulação do sangue, o ritmo respiratório e,
portanto, a oxigenação geral do corpo. Dentro do sistema
fisiológico, o efeito do riso poder ser associado a um estímulo
do corpo e um relaxamento posterior que proporciona uma sensação
de gozo e alegria.
Segundo a psiquiatra Júnea Luiza Chiari Messias, estudos comprovam
que o fato de viver positivamente as situações favorece
a liberação de endorfina, substância poderosa causadora
de bem-estar. Ao contrário, quem vive a vida de forma tensa e
mal humorada libera adrenalina, noradrenalina e corticóide. A
liberação dessas substâncias com freqüência
provoca queda na imunidade. Isso acontece porque a descarga desses elementos
no organismo ocasiona uma diminuição na produção
de glóbulos brancos, responsáveis pela defesa de nossas
células.
O estresse e o mau humor também podem causar alterações
no endotélio, que é a camada que reveste os vasos sangüíneos.
Quem tem essa lesão está mais predisposto a acumular placas
de gordura nos vasos, aumentando o risco de infartos e derrames. É
verdade que é difícil conseguir que nada nos tire a alegria
de viver, mas é preciso tentar. Quem encara a vida com flexibilidade
e otimismo aceita a doença mais facilmente e, em processos de
perda, reage muito melhor, como explica o psiquiatra Gustavo Julião,
preceptor da Residência Psiquiátrica do Hospital das Clínicas
da Universidade Federal de Minas Gerais. Ele lembra que a psiconeuroimunologia,
uma nova área do conhecimento, atesta que a alegria de viver
está realmente associada à saúde. "São
muitas as evidências de que as pessoas alegres têm o sistema
imunológico mais eficaz", declara. "Pessoas que se
entregam a situações de perda e emoções
negativas como luto aumentam sua vulnerabilidade para desenvolver doenças
infecciosas".
No tratamento de doenças como câncer e aids, a terapia
do riso assume uma função psicológica e anestésica
frente à dor e tem efeito imunológico comprovado. No caso
de pacientes com tumores, por exemplo, o riso e o bom humor podem aumentar
a produção de "células assassinas" naturais
que combatem os vírus e os tumores. O cardiologista pediátrico
Edmundo Clarindo Oliveira utiliza o sorriso das crianças como
termômetro para medir a evolução do quadro em que
elas se encontram. Se, depois de uma cirurgia, por exemplo, a criança
consegue reagir com sorriso quando tem seu humor estimulado, é
sinal de que a coisa vai bem. "Se ela não sorri, ficamos
preocupados porque isso pode ser sintoma de algum tipo de rejeição",
alerta. O ambiente alegre dentro do hospital e do consultório
pode diminuir o tempo de internação e aumentar o bem-estar
do paciente.
Mas se humor e alegria são um traço da personalidade de
cada um, será possível aprender a viver da maneira mais
feliz? Segundo o psiquiatra Gustavo Julião, em alguns casos isso
pode acontecer. Ele explica que todas as pessoas têm determinado
temperamento. Há pessoas normalmente mais pessimistas, melancólicas
e contemplativas. A personalidade é o resultado de herança
genética e da interação do indivíduo com
o meio ambiente.
O que diferencia um pessimista de um otimista é que as vivências
desfavoráveis não conseguem tirar do segundo a alegria
de viver. Os pessimistas, ao contrário, sucumbem facilmente.
Entretanto, quando esse pessimismo é ocasionado, por exemplo,
pela chamada distimia – um tipo de depressão que atinge
cerca de 5% da população –, existe tratamento. "A
distimia é uma depressão leve não incapacitante",
explica. "As pessoas que são acometidas por ela consideram
as coisas mais difíceis e não se alegram com nada. Mas
é preciso diferenciar tristeza de angústia. A primeira
é um sentimento comum a qualquer ser humano e a segunda é
uma doença afetiva que deve ser tratada", completa.
Se a pessoa notar que o desânimo frente à vida já
dura mais de dois anos e está sempre acompanhado de outras queixas
como cansaço e dores pelo corpo, é necessário fazer
uma avaliação para saber se é o caso de iniciar
um tratamento. Tentar mudar a maneira de encarar a vida também
pode ser um bom exercício para se tornar uma pessoa mais alegre,
risonha e, conseqüentemente, mais saudável.
Desconheço a autoria.
Caso você saiba, por favor, comunique-me.
Fernando Mineiro - fmineiro@uaivip.com.br
Coordenador do GruPan - Grupo de Apoio aos Portadores
do Transtorno do Pânico
Belo Horizonte - MG - Fone/Fax: (0XX31) 3487-2669
Portador do TP há 43 anos, oito sem crises e sem medicamentos
Autor do livro: "Tenho a Síndrome do Pânico,
mas ela não me tem!"