PSICOLOGIA DO EMAGRECIMENTO
Dr. Marco Antonio de Tommaso
Psicólogo

Comportamento Alimentar refere-se à ingestão de qualquer alimento. Uma pessoa que tenha comido apenas chocolate hoje, alimentou - se mas não nutriu - se convenientemente. Nutrição refere - se a alimentar - se adequadamente em qualidade e quantidade.

O Comportamento Alimentar é mais “primitivo”, inconsciente e menos racional que o nutricional, que pode ser considerado mais inteligente” e cientificamente fundamentado. O comportamento alimentar precede, é a “matéria prima” para o nutricional. Deveria ser regulado pelo complexo mecanismo fome - saciedade mas é importante entender que as emoções, a ansiedade, os estados de humor de pressivos e outros fatores psicológicos negativos podem alterá-lo profundamente e, consequentemente, o comportamento nutricional. Nas orientações nutricionais que visam emagrecimento a pessoa “sabe”o que fazer e o que comer, mas sente-se impotente para fazê-lo. Algo mais forte que sua vontade a impede. Como sem fome sabendo que não deveria fazê-lo, mas o faz e na ausência de prazer. Ao comer tem um alívio provisório da sensação negativa de ansiedade, que volta reforçada pela culpa, levando a pessoa a comer mais, para tornar a diminuir a tensão. A pessoa engorda e passa a evitar toda uma gama de situações e atividade e também as gratificações delas decorrentes. Diminui a atividade física porque engordou, questiona sua aparência e evita ir a lugares onde tenha que se expor fisicamente. Restringe sua vida social e pode tender ao isolamento. Essa reação provoca o afastamento de outras pessoas mas o gordo parece não perceber que isto deve-se ao seu comportamento e não à sua aparência. Sua ansiedade aumenta a solidão que por sua vez reforça a ansiedade. Escasseando os prazeres pela piora da qualidade de vida e crescendo a ansiedade, A COMIDA ASSUME O PAPEL DE “REDUTOR DE TENSÃO” E muitas vezes , ÚNICA FONTE DE PRAZER !... A auto negação do prazer leva a pessoa a rejeitar seu corpo e a conduz a uma dependência infantil da comida, que passa a simbolizar a satisfação corporal... ESTÁ FORMADO O CÍRCULO VICIOSO... Os mais tênues sinais de ansiedade, antes mesmo de tornarem-se conscientes, podem ser “amortecidos” pelo ato de comer, ACIONADO AUTOMATICAMENTE. A criança, desde o nascimento, estabelece um vínculo com a mãe através da amamentação. As primeiras sensações de ansiedade (sensação desagradável, negativa) são experimentadas quando o bebê tem fome. O alivio da tensão (sensação agradável) é conseguido quando a criança se alimenta (saciedade). Com o crescimento recebe influências da família, da cultura que ajudarão a moldar um “estilo alimentar”. profundamente associado com emoções positivas e negativas e de DIFICILMENTE MODIFICÁVEL APENAS POR PERSUASÃO E INFORMAÇÃO. Exemplos são pacientes que, mesmo motivados e bem orientados por profissionais competentes e que lhes ministram orientação nutricional equilibrada, personalizada e saborosa acabam auto sabotando-a em algum momento, de forma irracional , demonstrando comportamento alimentar regido por emoções obscuras e não pela razão, e despreparados para a orientação nutricional. A obesidade torna-se, desta maneira, uma forma desadaptativa do uso do comportamento alimentar na tentativa de encobrir problemas que tornam-se progressivamente insolúveis, reduzindo gradativamente as opções de vida da pessoa. A psicologia pode e DEVE COLABORAR com a área médico nutricional, VIABILIZANDO O COMPORTAMENTO NUTRICIONAL ATRAVÉS DO CONTROLE DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR QUE O PRECEDE, atualizando de várias maneiras, como levando o paciente a reavaliar o “continnum” fome-saciedade, focando e tratando os ganhos secundários que mantém a pessoa gorda, trabalhando a auto-imagem, freqüentemente prejudicada, tratando as comorbidades associadas à obesidade, como transtorno do humor (depressão) , fobia social, transtornos alimentares, transtornos de personalidade, compulsão alimentar e outros, e particularmente a ANSIEDADE, desvinculando-a do ato de comer, permitindo alterações comportamentais que permitam novo estilo de vida, essencial para a perda de peso e manutenção posterior.

Marco Antonio de Tommaso é Psicólogo do Amb. de Ansiedade do H.C.U.S.P Tratamento da Ansiedade e da Compulsão Alimentar

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