O PODER RECUPERADOR DO ABSOLUTAMENTE NADA

Um fenômeno médico que nos fornece um vislumbre surpreendente do controle que a mente tem sobre o corpo é o efeito placebo. Um placebo é qualquer tratamento médico que não tem nenhuma ação específica sobre o corpo mas é dado, tanto para animar o paciente como na forma de controle num experimento duplo cego, isto é, um estudo no qual se dá um tratamento real a um grupo e um tratamento falso a outro. Em tais experimentos, nem os pesquisadores nem os indivíduos testados sabem em qual grupo estão, de forma que os efeitos do tratamento real podem ser avaliados mais corretamente. Pílulas de açúcar são muitas vezes usadas como placebos, em estudo de drogas. Como também a solução salina (água destilada com sal), embora os placebos não precisem ser sempre drogas. Até a cirurgia foi usada como placebo. Nos anos 50, a angina do peito, uma dor recorrente no peito e no braço esquerdo devido à diminuição do fluxo sanguíneo para o coração, era habitualmente tratada com cirurgia. Então alguns médicos expeditos decidiram realizar um experimento. Em vez de realizar a cirurgia habitual, que incluía cortar fora a artéria mamária, eles abriram seus pacientes e então simplesmente os costuravam novamente. Os pacientes que recebiam a cirurgia simulada relatavam exatamente tanto alívio quanto os pacientes que tinham sofrido a cirurgia total. O sucesso da cirurgia simulada indica que, em algum lugar no fundo de todos nós, temos a capacidade de controlar a angina do peito.

E isto não é tudo. Na última metade do século o efeito placebo foi exatamente pesquisado em centenas de estudos diferentes por todo o mundo. Agora sabemos que uma média de 35 por cento de todas as pessoas que recebem um dado placebo experimentarão um efeito significativo, embora esse número possa variar muito de situação para situação. Além da angina do peito, as condições que se provou responderem ao tratamento do placebo incluem enxaquecas, alergias, febres, resfriado comum, acne, asma, verrugas, vários tipos de dor, náusea e enjôo do mar, úlceras pépticas, síndromes psiquiátricas, tais como depressão e ansiedade, artrite degenerativa e reumatóide, diabete, doenças de radiação, doença de Parkinson, esclerose múltipla e câncer. É claro que estas variam desde as não tão sérias até as que chegam ao ponto de ameaçar a vida, mas os efeitos do placebo mesmo sobre as condições mais suaves podem incluir mudanças fisiológicas que são quase miraculosas.

A efetividade de um placebo em uma determinada circunstância também varia muito. Em nove estudos duplo cegos que comparavam os placebos com a aspirina, os placebos provaram ser 54 por cento tão efetivos quanto o analgésico verdadeiro. A partir disso alguém poderia esperar que os placebos fossem até menos efetivos quando comparados com um lenitivo mais forte tal como a morfina, mas este não é o caso. Em seis estudos duplo cegos encontrou-se que os placebos são 56 por cento tão eficazes quanto a morfina no alívio da dor!

Por que? Um fator que pode afetar a eficácia de um placebo é o método no qual é dado. Injeções são em geral percebidas como mais potentes do que pílulas, assim, dar um placebo por injeção pode aumentar sua efetividade. Da mesma forma, as cápsulas muitas vezes são vistas como mais eficazes do que os comprimidos e até o tamanho, forma e cor de uma pílula pode desempenhar um papel. Num estudo destinado a determinar o valor sugestivo da cor de uma pílula, os pesquisadores acharam que as pessoas tendem ver pílulas laranja ou amarelas como manipuladoras do humor, seja estimulante ou calmente. Pílulas vermelho-escuro são consideradas sedativas; pílulas lavanda, alucinógenas; e pílulas brancas analgésicas.

Um outro fator é a atitude que o médico transmite quando prescreve o placebo. O Dr. David Sobel, um especialista em placebo no Hospital Kaiser, Califórnia, relata a história de um médico que tratou um paciente asmático que estava tendo um período especialmente difícil para manter seus tubos brônquicos abertos. O médico encomendou uma amostra de um potente medicamento novo de uma companhia farmacêutica e a deu ao homem. Dentro de um minuto o homem mostrou uma melhora espetacular e respirava mais facilmente. Porém, na próxima vez que teve um ataque, o médico decidiu ver o que aconteceria se desse placebo ao homem. Desta vez o homem se queixou de que deveria haver algo errado com a prescrição porque não eliminou completamente a sua dificuldade respiratória. Isto convenceu o médico de que a amostra da droga era na verdade uma nova medicação potente para asma - até que recebeu uma carta da companhia farmacêutica informando-o de que, em vez da droga nova, eles acidentalmente enviaram a ele um placebo! Aparentemente foi o entusiasmo inconsciente do médico pelo primeiro placebo, e não para o segundo, que respondeu pela discrepância.

Em termos do modelo holográfico, a notável resposta do homem ao medicamento placebo para asma pode novamente ser explicada pela incapacidade fundamental da mente-corpo de distinguir entre uma realidade imaginada e uma real. O homem acreditava que foi dada a ele uma nova droga potente para asma e esta crença teve um efeito psicológico tão forte sobre seus pulmões como se tivesse sido dada a droga verdadeira. Fica claro a partir disto que mesmo informações recebidas subliminarmente podem contribuir para crenças e imagens mentais que se unem a nossa saúde.

OS TUMORES QUE DERRETEM COMO BOLAS DE NEVE NUM FORNO QUENTE

Entender o papel que tais fatores desempenham na eficácia de um placebo é importante, pois mostra como nossa capacidade de controlar o corpo holográfico é moldado por nossas crenças. Nossa mente tem o poder de se livrar de verrugas, de limpar nossos tubos brônquicos e de imitar a capacidade lenitiva da morfina, mas, porque não estamos cientes de que temos o poder, temos que ser enganados para usá-los? Isto poderia ser quase cômico se não fossem as tragédias que muitas vezes resultam da nossa ignorância de nosso próprio poder. Nenhum incidente ilustra melhor isto do que um novo caso famoso relatado pelo psicólogo Bruno Klopfer. Klopfer estava tratando de um homem chamado Wright que tinha câncer avançado dos nódulos linfáticos. Todos os tratamentos padrões tinha se esgotado e Wright parecia ter pouco tempo de vida. Seu pescoço, axilas, peito, abdome e virilha estavam cheios de tumores do tamanho de laranjas e seu baço e fígado estavam tão aumentados que dois quartos de litro de fuido leitoso tinha de ser drenado de seu peito todos os dias.

Mas Wrighr não queria morrer. Ele tinha ouvido sobre uma droga nova excelente chadada Krebiozen e implorou a seu médico para deixar experimentá-la. No início seu médico recusou porque a droga só estava sendo experimentada em pessoas com um expectativa de vida de pelo menos três meses. Mas Wright estava tão inflexivel em suas súplicas, que seu médico finalmente cedeu. Ele deu a Wright uma injeção de Krebiozen na Sexta Feira mas no fundo de seu coração não esperava que Wright durasse até o fim de semana. Então o médico foi para casa.

Para sua surpresa, na Segunda Feira seguinte encontrou Wright fora da cama, andando para lá e para cá. Klopfer relatou que os tumores dele tinham "derretido como bolas de neve em um forno quente" e estava com a metade do tamanho original. Esta era uma diminuição de tamanho muito mais rápida do que mesmo os mais fortes tratamentos de Raios X podiam realizar. Dez dias depois do primeiro tratamento de Wright com Krebiozen, ele dixou o hospital e estava, até onde seus médicos podiam dizer, livre do câncer. Quando entrou no hospital, ele precisava de uma máscara de oxigênio para respirar, mas quando foi embora estava bem o bastante para voar em seu próprio avião a 12 mil pés sem nenhum desconforto.

Wright permaneceu bem por cerca de dois meses, mas então começaram a aparecer artigos afirmando que o Krebiozen na verdade não tinha nenhum efeito sobre o câncer dos nódulos linfáticos. Wright, que era rigidamente lógico e científico em suas idéias, ficou muito deprimido, sofreu uma recaída e foi readmitido no hospital. Desta vez, seu médico decidiu tentar um experimento. Ele contou a Wright que o Krebiozen era tão eficaz como parecia, mas que algumas amostras da droga tinham deteriorado durante o embarque. Explicou, porém, que ele tinha uma nova versão altamente concentrada da droga e pretendia injetar em Wright com ela. É claro que o médico não tinha uma nova versão da droga e pretendia injetar em Wright água pura. Para criar a atmosfera própria, ele mesmo passou por um elaborado processo de injetar o placebo em Wright.

Novamente os resultados foram dramáticos. As massas tumorais derreteram, o fuido do peito desapareceu e Wright rapidamente estava de pé de novo e sentindo-se muito bem. Ele permaneceu livre dos sintomas permanentemente. A história de Wright contém uma poderosa mensagem: Quando conseguimos superar nossa descrença e abrimos as forças curativas dentro de nós, podemos fazer os tumores derreterem imediatamente, de um dia para o outro.

O Universo Holográfico - Michael Talbot

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