Massagem Ayurvédica
Uma técnica oriental que combina toques, óleos e música

Por Valter Carlos Cardim (Swami Gyanesh)

O Ocidente cada vez mais, nas últimas décadas, voltou-se para o Oriente. A Índia, berço de uma das mais exóticas culturas, deu-nos muita contribuição em diversas áreas e, principalmente, no mundo do trabalho corporal terapêutico e espiritual.

A Yoga na sua vertente Hatha Yoga inspirou largamente muitos dos trabalhos corporais ocidentais, de entre os quais podemos citar: a psicoterapia na vertente de Wilhelm Reich, a psicoenergética codificada no sistema Feldenkrais, a bioenergética de Alexander Lowen, a biopsicoenergética de Livio Vinardi, a psicocalestenia do Sistema Arica, e mesmo muitas das variações das massagens ocidentais.
Uma das massagens mais tradicionais da Índia, a massagem Ayurvédica faz parte da milenar medicina Ayurvédica e foi codificada num dos maiores livros sagrados da Índia antiga, o Athanva Veda. Assim, o germe desta ciência antiga provém dos Vedas, que foram também os criadores de outros métodos, tais como a filosofia espiritual e a Yoga. Possui várias ramificações dentro do vasto panorama das correntes espirituais da Índia. A técnica que aqui vamos apresentar é a mais tradicional, matriz das diversas outras.


A MASSAGEM ATIVA A INTELIGÊNCIA

Para compreendermos melhor o significado desta técnica, vamos traduzir a palavra sânscrita Ayurvédica ou Ayur-Veda, pois dessa maneira vamos encontrar a resposta para tão completo sistema: Veda ou Védica significa o conhecimento, o saber, e Ayur (ou Ayu) indica “o corpo vivo ligados ao mundo através dos cinco sentidos”, mostrando assim a estreita união entre a vida fisiológica e a vida psíquica. Desta forma, a Ayurvédica pode traduzir-se por “conhecimento da vida humana” ou “ciência da vida humana”.

Conceitualmente, a massagem Ayurvédica consiste numa técnica de massagem profunda que alia movimentações vigorosas em toda a massa muscular e conjuntamente é aliada a manobras de tracção e alongamento (mobilizações), para a completa abertura e correcção dos centros de energia (chakras - vértices de energia) do corpo, além da estimulação de pontos e órgãos vitais, visando buscar o equilíbrio físico, psíquico, energético, energético e espiritual. Um corpo em perfeita harmonia, sintonizado numa postura correta, faz com que a pessoa permaneça continuamente em bem-estar, ou seja, as energias e a circulação sanguínea permanecem fluindo corretamente.

O corpo mantém-se calmo em estado de relaxamento, a mente acalma-se, o sistema linfático e a circulação harmonizam-se, a digestão é mobilizada conjuntamente com o sistema de assimilação e eliminação permitindo com que haja uma completa remoção das toxinas. Os músculos passam a manter-se com maior flexibilidade permitindo com que o corpo faça movimentos mais amplos, libertos e soltos.

A massagem Ayurvédica pode ser indicada para inúmeros problemas mentais e espirituais, de entre os quais podemos citar: neurastenia, dores de cabeça, insônia, gota, reumatismos crônicos, obesidade, celulite, eczema crônico, seborréia, fadiga, etc.
Os terapeutas ayurvedistas, na Índia, afirmam que “a massagem torna o corpo leve, ativo e energético, vitalizando os seguintes tecidos: pele, músculos, nervos, e facilita a circulação do sangue e da linfa. Melhora ainda os problemas cutâneos, ativa a inteligência, a vivacidade, o tônus, a vitalidade sexual, a autoconfiança e a beleza natural”.


O PODER DE ÓLEOS NATURAIS

A massagem Ayurvédica deve ser realizada sobre um Tatami ou colchonete, podendo também ser realizada sobre uma cama. Em caso de utilização de um conchonete a sua espessura não deve ser superior a 7 centímetros de altura, dado que facilita a realização de todos os movimentos adicionais à massagem, alongamentos, tracções, além de não cansar o terapeuta.
Um óleo natural deve ser utilizado durante a massagem. Ele facilita a realização dos movimentos com a palma das mãos e polpa dos dedos. Torna a massagem mais profunda, contribui para não irritar a pele e, em determinados, casos auxilia no tratamento das disfunções do corpo energético podendo ser conjugado com a Aromaterapia.

No caso da utilização do óleo com fins aromaterapêuticos, é necessário uma iniciação do terapeuta em níveis mais profundos, pois determinadas essências actuam nos campos psíquicos e espirituais.
Neste caso o terapeuta deverá possuir uma sensibilidade muito sutil e uma intuição bastante desenvolvida para saber qual o tipo de aroma que o paciente necessita. Deve ainda realizar previamente uma rigorosa entrevista. O óleo elimina a secura da pele e lubrifica os tecidos, o que resulta no retardamento do envelhecimentos dos mesmos. Além disso, o óleo é considerado pura energia ígnea, condutora de energia e do calor.

Na Índia é largamente utilizado o óleo comum vegetal neutro. No entanto, há muitas receitas tradicionais de óleos de massagem. Os óleos mais utilizados para esta técnica na Índia são: o de mostarda, azeite de oliva e de sésamo. Dependendo da necessidade, utiliza-se o óleo de coco, de amêndoa doce, de sândalo e de nozes. O óleo de amêndoas não é muito utilizado na Índia por ser muito caro.

Existem, igualmente na Índia, preparados de óleo manufaturados adaptados a certas condições e determinados problemas do paciente.
O óleo de mostarda é considerado o melhor óleo de massagem, principalmente porque ativa a circulação de energia e limpa os poros, Este óleo estimula ainda a pigmentação da pele. O óleo de azeite de oliva também possui inúmeras qualidades, principalmente nos climas frios, pois estimula o poder de captar as radiações e traz calor. O óleo de sésamo, de preferência preto que é o melhor, pode ser utilizado nos cabelos onde reforça a absorção da prana (energia vital).

Nós, no Ocidente, também possuímos muitos óleos, preparados especialmente para massagem. O terapeuta deverá escolhê-los com bastante critério. Óleos químicos derivados de resina químicas não servem, nem óleos derivados de gordura animal.
Na Índia utiliza-se também durante a massagem o pó de uma raiz chamada Vacandi. Este pó deverá ser aplicado por todo o corpo, após a massagem com o óleo, com exceção do rosto e cabeça, através de deslizamentos da palma das mão, com fricção. Ele serve para dispor a energia eletromagnética e produz uma ativação da circulação sangüínea. Analisando-o em laboratório constatou-se que possuía propriedades curativas, similares ao Ginseng Brasileiro (Pfafia Paniculata). Na falta dos dois, a massagem pode ser realizada sem esse componente.

A massagem Ayurvédica deverá ser aplicada, pelo menos, uma vez por semana. Em caso de doença todos os dias, se possível. Uma série de 10 sessões iniciais é necessária para reativar as energias do corpo sutil e os vórtices de energia dos chakras. Posteriormente, deve manter-se o tratamento uma vez por semana, ou quinzenalmente, para que o corpo não readquira as couraças anteriores.
Uma massagem Ayurvédica completa dura, em média, 45 a 60 minutos. Uma música ambiente suave pode ser utilizada para facilitar o relaxamento do paciente. A massagem Ayurvédica possui uma seqüência que deverá ser seguida rigorosamente durante a sessão para atingir os objetivos desejados.


Valter Carlos Cardim (Swami Gyanesh) é discípulo de Osho (Rajneesh) desde 1980.

Participou de vários workshops e tem formação em meditação e terapia corporal na Rajneesh Foundation International (Oregon-USA), na Osho Multiversity (Poona-India).

Estudou Massagem Ayurvédica com a Mestre Kusum Modak na Índia e foi o responsável pela introdução desta técnica no Brasil, quando em 1990 trouxe Kusum para ministrar cursos em São Paulo e Brasília.
Introduziu também esta técnica em Portugal no mesmo de 1990.

Tem publicado “Massagem Ayurvédica - Manual Prático e Teórico”, pela Editora Madras, e editado a vídeo aula “Massagem Ayurvédica - Guia Prático e Seguro”, disponível em VHS.

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